1.12.05

Memórias de Fernando Assis Pacheco

"Tinham passado quatro anos desde que publicara a totalidade da sua obra poética na colectânea Musa Irregular (Asa, 1991) e dois sobre o romance Trabalhos e Paixões de Benito Prada (1993). O jornalista que aos poucos foi construindo, quase em segredo, uma obra literária que o tempo se encarregaria de ir iluminando, estava a terminar, na altura, um novo livro de poemas. Teve por título Respiração Assistida - tal como um dos poemas -, mas só haveria de conhecer edição póstuma, em 2003, sob a chancela da Assírio & Alvim e organizado por Abel Barros Baptista. Vinte e cinco poemas, quase todos inéditos, de um poeta que "certamente não se imaginava como um vate, não cultivava uma qualquer essencialidade da poesia, nem se terá atormentado com a ideia mallarmeana de 'um livro que [fosse] um livro'", como escreve Manuel Gusmão, no posfácio.

Foi desta forma que a Assírio & Alvim iniciou a reedição da obra de Assis Pacheco. Depois de Respiração Assistida, seguiu-se, este ano, Memórias de um Craque, colectânea de textos sobre futebol a remeter para a infância e juventude do escritor em Coimbra. Anunciada para este ano estava ainda a reedição de A Musa Irregular. Tal como os anteriores, com capa ilustrada por Bárbara Assis Pacheco, filha do autor. A edição foi, no entanto, adiada para 2006. Seguir-se-ão Walt, Repórter de Serviço, Bookcionário e Teclado Nacional.

Natural de Coimbra, Fernando Santiago Mendes de Assis Pacheco, licenciado em Filologia Germânica, jornalista fundador de O Jornal e da Visão, escritor da auto-ironia, que sobre "Um tal Fernando Assis Pacheco" escreveu "Vivo com ele há anos suficientes/ para poder dizer que o reconheceria/ num dia de Novembro no meio da bruma/ é como uma pessoa de família." Num dia de Novembro seria surpreendido pela "morte merdeira/ coisa ruim de cinza e névoa e cinza"."

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