26.10.05

Ainda "Os dias da Literatura Portuguesa"

"No que diz respeito a novos trabalhos de autores portugueses, o segundo romance do jornalista e escritor, Rodrigo Guedes de Carvalho, publicado pelas Edições Dom Qui­xote, foi alvo de apreciação na edição de Sábado, no suplementoActual” do Expresso, por parte da escritora e crítica literária Dóris Graça Dias, que refere que o texto, de iní­cio consegue prender a atenção “e a vontade de ler”, mas esfria com o decorrer da nar­rativa, tornando-se, através da sua “complexidade formal” muito repetitiva e espaço de “lugares-comuns”. No entanto, a presença da ironia é destacada pela crítica, que afirma que “muita ficção nacional peca” por não ter presente esta propriedade, que segundo a opinião de Dóris Graça Dias é necessária na literatura.

Mas não foi este o único lançamento por parte de um jornalista/escritor, já que Pedro Chagas Freitas lançou o seu primeiro romance intitulado “Mata-me”, com o selo da Corpos Editora. A apresentação pública da obra decorreu no Cybercentro de Guimarães e contou com a presença do escritor e crítico literário Fer­nando Venâncio, encarregue da apresentação do livro. Este foi ainda responsável pela análise crítica, que saiu, também, na edição de Sábado no suplemento “Actual” do Expresso, onde foi referenciado pelo mesmo, como um livro “breve mas duro”, com que este jovem de 25 anos entrou “de repelão” no contexto literário português. Sobre o livro, o crítico do jornal Expresso argumenta ainda que se trata “de uma obra com uma escrita densa e fluente e uma linguagem tremendamente comunicativa”, e menciona Raul Brandão e José Luís Peixoto como “espíritos irmãos” do autor, no que toca ao género da narrativa, estilo que este afirma desconhecer.

Outro lançamento, este registado no suplemento “Mil Folhas” do Público de 15 de Outubro, foi o livro de ficção de Sérgio Sousa-Rodrigues intitulado O Alfarrabista Que Mandou Falsificar Os Lusíadas, editado com a chancela da Prefácio. É referenciado como “um romance ou novela” repleta “de intrigas, mistérios, equívocos, sátiras e paródias” protagonizadas por um alfarrabista, que eleva o seu amor pelos livros ao extremo.

Para além destes lançamentos, há a registar ainda uma notícia do Diário de Notícias”, acerca da atribuição do Prémio Máxima ao romance Uma Pedra no Sapato de Luísa Beltrão, editado pela Oficina do Livro. Este galardão visa reconhecer e “divulgar” obras literárias de escritoras portuguesas, sendo que esta autora já havia sido distinguida com este prémio, em 1994, pelo romance Os Pioneiros, publicado pela Editorial Presença.

No que concerne a prémios literários, convém ainda destacar o vencedor do Prémio José Saramago de 2005, Gonçalo M. Tavares com o romance Jerusalém, publicado pela Editorial Caminho. Este prémio bienal visa distinguir jovens escritores de língua portuguesa. A sua atribuição é classificada pelo autor, não como um incentivo, porque este afirma que não escreve livros para ganhar prémios, mas sim como um reconhecimento pelo seu trabalho. A cerimónia contou com a presença de José Saramago, que destacou a inteligência do vencedor deste ano do prémio com o seu nome, que foi instituído para celebrar a sua distinção com o Prémio Nobel da Literatura.

E assim se fazem os dias da Literatura Portuguesa Contemporânea, porque as palavras e ideias que os escritores portugueses nos vão deixando, nas suas grandiosas obras são, de facto, motivo de orgulho para todos nós portugueses, que num país em que pouco ou nada são rosas, podemos dizer que possuímos um património literário digno de registo e com qualidade reconhecida internacionalmente."

Texto de Nelson Canhita

17.10.05

Ainda Hélia Correia no Diário de Notícias

Há algo de fantástico nos seus livros, qualquer coisa de Raul Brandão...

Não há uma filiação consciente em Brandão, nem directa nem remota, mas os universos literários coincidem de algum modo. Aquilino tem um conto semelhante no enredo a Montedemo, Andam Faunos pelos Bosques. Com ele não sinto afinidades nenhumas.

A ideia de um destino cego que pode destruir percorre a sua obra. É a voz da poesia e do teatro?

Talvez seja a Grécia em mim. Há tentativas múltiplas de a entender à luz da nossa lógica e ela escapa- -se-lhe. É isso que estimula o meu convívio com os gregos todos os dias, algo da ordem do desejo.

A tragédia repete-nos que o domínio da razão, da ordem, da justiça é limitado. É irreparável, impiedosa...

E eu tive uma educação positivista. Cresci com a esperança de que o mundo pudesse fazer sentido, de que os actos generosos tivessem sempre as mesmas consequências, de que a justiça funcionasse como bem absoluto. Para a criança que fui, o fatalismo, o inevitável, a pequenez provinham dos universos sociais, religiosos, analfabetos. O sentido trágico do mundo caiu sobre mim quando eu já não tinha protecção, a não ser a da cultura grega. Foi ela que me ajudou a aceitar o carácter cego do destino humano por meio da única solução possível, a beleza da criação.

A sua escrita é atravessada pelo que as palavras não cobrem. Sente-o?

Sinto a força do não-dito. Um texto faz-se de música, tecido que está sempre a ser puxado por duas energias, a da palavra e a do silêncio. O texto não é uma coisa nem outra. Por vezes, as palavras também são abusivas, há coisas a salvo delas.

Um pouco como no amor?

O não-dito é o mais eloquente no amor, que se move no território do inominável, do tabu, do sagrado. As palavras são adornos, dispensáveis, provocam disputas de soberania. Dão para fazer uns belos poemas... Mas eu sou inapta para lidar com a realidade.

Que lhe trouxe a sua mais bela personagem, Lillias Fraser?

Ela própria. Lillias é uma criatura que eu amo. Trouxe-me outra prenda muito bonita porque tem uma força de vida tal que já passou para dentro de outra ficção, o romance de Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor, inspirado na vida da marquesa de Alorna.

Há uma cintilância nos seus livros que provém de um universo primitivo onde se abrigam as bruxas...

Que são seres não do caos, mas da desordem. Hoje há senhoras que dão consultas e que nada têm a ver com as minhas bruxas provindas do imaginário rural ainda muito nítido quando eu era criança. Nas minhas bruxas, a palavra não é solta, mas poderosa.

A sua obra reúne ainda a fuga, a transgressão, a loucura...

Tudo isso é o mesmo. Não me refiro a nenhum psicologismo na minha escrita.. A literatura não se sente bem no mundo de que dispomos e a que chegámos.

Realidade e ficção digladiando-se?

Isso é dar muita importância à realidade...

Mas ela existe, dá alegria e dói...

A realidade e as palavras são criação dos homens. Se eu tomar o partido da palavra, não estou a menosprezar o ser humano.

Escrever é o quê?

Criar e obedecer às palavras.

E estas obedecem a quê?

À sua música. São gatos. Tenho a submissão às palavras e aos gatos.

Escrever é uma fatalidade?

Uma tirania, uma bela servidão.

Hélia Correia em entrevista a Ana Marques Gastão

'Bastardia' é o último livro de Hélia Correia, editado pela Relógio d'Água. Uma bela narrativa sobre o poder do desejo, algo que o sujeito desesperadamente procura


A iminência do desastre atravessa Bastardia, que se debruça sobre o desejo, centrado nas sereias. Que é esse apelo aliado, tanto no início como no fim do livro, à decepção?


É algo que nos chama, não sabendo nós o que se lhe segue. Eu própria tive de chegar à decepção ao sentir destruir-se em mim a mitologia infantil quando me apercebi de que as sereias gregas não eram as mermaids que concebemos ao ler a história de Ulisses. O episódio das sereias representa a sedução feminina e o perigo que esta constitui do ponto de vista masculino. Ulisses sente-se chamado, corre perigo, mas, com as suas artimanhas, consegue ouvir o canto sem se perder. É uma imagem de grande beleza, um chamamento de beleza...

De esplendor?

Também, e de erotismo dificilmente realizável, mas que não deixa de ser erotismo. Num momento marcante da minha vida, estar com a professora Maria Helena da Rocha Pereira na Grécia permitiu, de forma esplendorosa, que eu me confrontasse com a realidade das sereias gregas, aves com corpo de mulher, bem como com a iconografia, que nada tem a ver com a nossa. Na pintura clássica, visualiza-se o barco perseguido por elas. A voz que seduz, destrói e aniquila os homens provém do feio, do monstruoso, e o que há de feminino no monstro é um rosto quase de harpia. Nada disto tem a ver com o nosso imaginário. Há um material imenso na Grécia que a nossa cultura não consegue entender e me fascina. Num primeiro momento, senti o deslumbramento perante o forjar da civilização, num segundo, aquele em que me encontro, sinto na cultura grega algo que me remete para a escuridão inicial. Ao contrário das nórdicas, as sereias gregas são seres da escuridão e cantam, chamam, no seu esvoaçar cruel, para a perdição.

A escuridão liga-se à decepção?

A decepção é a incapacidade de compreender um outro imaginário que não o nosso. É, por outro lado, desilusão sexual, a destruição da imagem da sereia como atracção e perigo. Fica o extremo dilaceramento.

São seres do mal, as sereias?

Seres do incompreensível. Há algo na nossa esfera mental que não alcança a cultura grega. Esse confronto, para o ocidental, é mortal, porque ele não está, de modo algum, preparado para a decepção.

Não se morre de desejo, mas não se regressa dele?

Não se morre dele, mas não se regressa igual. A história de Moisés, em Bastardia, relaciona-se com a dissonância entre os dois imaginários das sereias, mas a informação que ele recebe das mermaids não é muito forte, mais poderoso dir-se- -ia o universo das aves de rapina, rostos de mulher de absoluta estranheza que não pertencem a ninguém.

Filho do mar, Moisés? Que queria ele do mar, a sabedoria?

Sim. Acontece. Acredito nisso, que é possível existir um encontro, embora raro, entre energias vivas. Mas pode dar-se. Sendo filho do mar, Moisés tem a porção do seu desejo masculino encaminhada para as criaturas do mar. E ele queria saber, conhecer o pai.

Bastardia é uma narrativa cheia de mistério e de pressentimentos. Nela há dois rostos predominantes, o do pai e o da mãe. Quer falar deles?

Não os concebi previamente à escrita. Vi-os em situação. Gosto dela, daquela mulher, da sua imagem de camponesa com algo de rebeldia, de diferença que nunca leva a rupturas acabadas. O pai é um ser vago com a força da obstinação que tem quem lida com a terra. A acção decorre depois de O Crime do Padre Amaro e centra-se em Leiria, mas a Moisés só lhe interessa a direcção do mar.

Bastardo é, como diz, o que perdeu o dom da casa, o solitário?

Um ser marcado pela diferença, pelo segredo. Isso fá-lo perder os vários circuitos de protecção a família, a casa, a aldeia, a vila. Como qualquer filho bastardo, cuja bastardia é desconhecida pelos outros.

Fala-se do mal neste livro. A literatura torna-o mais inteligível?

Sim, mas não o considero uma questão contemporânea, embora esteja a tomar novas formas que não são ainda entendíveis. O mal que vem de outras civilizações é quase tão incompreensível como o que vinha das bruxas e dos seres demoníacos no tempo de Moisés.

A palavra tem o poder de o ver?

Talvez possa vê-lo, embora não deva. As palavras não devem proceder nesse sentido. Gosto apenas de segui-las nessa direcção, de expor o fascínio e a beleza que há nele, a energia também.

Está a falar dessa "coisa escura" que surge nas palavras, no correr do texto?

Não só, também da magia branca. Estou a falar de tudo o que escapou à pata civilizadora. Essas coisas gostam de palavras.

Não receia essa "coisa escura"?

Fui formada no receio da instituição. Os meus grandes medos - além dos normais das crianças e dos fantasmas das narrativas dos adultos - eram a polícia, a PIDE, o padre, tudo o que emanava da Igreja ou do poder. Isso levou-me a que os medos imaginários acabassem por ser menores e se tornassem mais atraentes. Passei a conviver amigavelmente com eles, até porque sempre existiam as fadas e os duendes que salvam.

Esta é "uma história assustada que corre de um lado para o outro, tentando libertar-se"?

Há uma corrida e um fim, uma chegada, uma luz que se liberta na história, nas palavras, e que vai ao encontro da decepção. Libertação num sentido amplo não a vejo, é mais uma obsessão, um impulso, uma busca de si mesmo.

Bastardia é, de alguma forma, o negativo de Montedemo?

Dir-se-ia a versão masculina de Montedemo, embora neste livro a vila seja a personagem. Bastardia é um cenário de sentimentos. Em ambos os livros há uma sexualização da natureza que pode chegar à fecundação de um ser humano.

12.10.05

"A crítica e o meio literário" (cont.)

"A polémica reside na questão pessoal. Marianne Wiggins, ela própria romancista, foi casada com Salman Rushdie, que é amigo de John Irving. O que significa que Irving e Wiggins se conhecem pessoalmente. E o Washington Post estipula (contratualmente) que os críticos não podem escrever sobre pessoas que conhecem pessoalmente. Irving lavrou o seu protesto, e o jornal deu-lhe razão, pedindo desculpas aos leitores pelo "passo em falso" e dizendo que as relações pessoais entre crítico e criticado "deviam tê-la [a Wiggins] desqualificado como crítica [de Irving]".

É uma política curiosa, mas discutível. É verdade que alguns dos mais importantes críticos, nomeadamente na imprensa americana (James Wood, na New Republic, Michiko Kakutani, no New York Times) evitam o mundo literário e professam nunca escrever sobre pessoas que conheçam (mas num e noutro caso nem sempre esse princípio se manteve). A ideia é que um crítico escreve sobre um objecto e não deve ter preconceitos de amizade ou inimizade que lhe perturbem o julgamento. É como aquelas disposições legais sobre escusas e suspeições de juízes.

Sendo um bom princípio abstracto, é também duvidoso em concreto e muito difícil de concretizar. Duvidoso porque é possível escrever uma crítica positiva sobre um inimigo e uma crítica negativa sobre um amigo há casos, e esses casos provam que isso é possível (com custos humanos, mas com dignidade profissional intocável). Depois, essa abstenção é difícil de concretizar num meio pequeno. E o meio literário tende sempre a ser pequeno. Nos EUA, quem vive fora das grandes metrópoles culturais ainda se pode dar ao luxo de não conhecer escritores pessoalmente, mas nos países europeus é impossível. Se o crítico não for um eremita ortodoxo, a certa altura conhece toda a gente e não há ninguém sobre quem possa escrever.

Digo isto por experiência própria. Escrevo há cerca de dez anos sobre literatura portuguesa e hoje conheço pessoalmente (entre a amizade próxima e o aperto de mão de passagem) nove décimos dos escritores sobre quem opino. Nunca senti que isso influenciasse a minha escrita, embora nalguns momentos me sinta constrangido com o que escrevo (mas não no conteúdo do que escrevo). Ora eu não pretendo barricar-me em casa e deixar de ir a lançamentos e feiras do livro e restaurantes.

Conheço o meio literário, porque o meio é pequeníssimo e é fatal que nos encontremos aqui e ali. Mas escrevo sobre textos, não sobre pessoas, e isso é sagrado. Há escritores que estimo pessoalmente e não literariamente e outros que aprecio no plano literário e não no aspecto pessoal. Há escritores que me insultaram e que depois elogiei. E há amigos que deixaram de ser amigos por causa de uma crítica negativa. É pena, mas é mesmo assim.

A política editorial do Washington Post é um pouco estranha num país tão vasto como os EUA. Em Portugal, seria simplesmente impossível, uma vez que todos nos conhecemos mais ou menos. Há gente que suspeita sempre de tudo e todos? Há. Mas quem não deve não teme."


Aqui fica também a crítica citada de Marianne Wiggins, proveniente do Washington Post, bem como o pedido de desculpas publicado pelo mesmo jornal.

"The World According to Jack

Reviewed by Marianne Wiggins
Post
Sunday, July 10, 2005; BW04

UNTIL I FIND YOU

By John Irving

Random House. 824 pp. $27.95

U ntil I Find You , the new John Irving novel, goes for over 800 pages and leaves one with an even greater appreciation for the Viagra label's warning of penile erectile states that might last up to four or five hours. Make it stop!

Irving's latest tale purports to be about Jack Burns, bastard son of a female tattoo artist and an itinerant organist, whose life we follow from the time he is introduced at age 4 until, 800 pages later, he is in his thirties; but really it's about Jack's penis, which, as a leading character in a novel of this length, has a paralyzingly narrow narrative scope, limited dialogue and no linguistically interesting stream-of-consciousness whatsoever.

The narration doesn't exactly emanate from this part of Jack's anatomy, but every plot point hinges on it, even when he is still a child. Early in the story, after he and his mother, Alice, have spent pointless months dragging through every Scandinavian country on the map, dogging his absent father, Jack is befriended by an older girl who fondles the prepubescent boy with the impatience of a person fingering her watch at a bus stop. Two hundred pages into the tale, Jack, at the raw age of 9, experiences what Irving calls his first "near-death ejaculation," brought about by some older students at an all-girls school in Toronto. Soon thereafter, like the author, he goes to Exeter Academy and, subsequently, the University of New Hampshire. "Jack Burns would miss those girls, those so-called older women. Even the ones who had molested him. (Sometimes especially the ones who had molested him!). . . . After the sea of girls, what pushovers boys were! After Jack's older-women experiences, how easy it would be to deal with men !"

Three exclamation points! Count 'em, folks! That's classy writing!

Another two hundred pages later, Jack is finding out just what lasting effects those girls have had on him when he's asked by an English-mangling character whom Irving inserts for comic effect, " 'Are you a person who-wa, though not a homosexual, psychologically identifies weeth the opposite sex-sa? I mean-a weeth wee-men.'

" 'Am I a transvestite, do you mean?'

" ' Yes! '

" 'No.'

" 'But-a you are always dressing as a woo- man -- or you seem to be theenking about eet, I mean-a dressing as a woo-man, even when-a you are dressed as a man .' "

When-a you have read more than two paragraphs of thees-a drivel, with or without the accompanying exclamation points, you want to hurl-a the book-a at a-wall -- but don't be too quick to e-Jack-ulate. There's more.

Four hundred pages more.

Jack follows his friend Emma to Hollywood, where he finds success playing transvestite roles. We are told that Jack is nominated for an Academy Award. We are told that "Jack was, albeit briefly, a Bond girl -- the one who was killed by a poisonous dart from a cigarette lighter when 007 deduced Jack was a guy."

In fact, we are always being told things that happen to Jack, while never being led to glimpse who Jack is or what Jack is feeling. The story reads as if Irving woke from a recurring nightmare and started dictating compulsively. He's too good a journeyman to have written anything this bad on purpose, and I kept asking myself, "What's he up to? How's he going to salvage this?"

Ultimately, Jack tracks down his father, who suffers from a severe depressive obsessive-compulsive disorder. And 10 pages from the end, in a bizarrely affectless exchange, Jack's father's Swiss psychiatrist recommends to Jack a jagged little pill:

"It's not unlike what we give your father, but it's newer and a little different from Zoloft or Seropram. . . . I think the brand name is Lexapro in the States. . . . You might not like the loss of libido, possible impotence, or prolonged ejaculation."

Nothing prepares us for this climactic device, and it's a cop-out, a last-ditch effort to justify this mass of lazy, unrefined writing. Jack asks the psychiatrist if she thinks he's depressed:

" 'What a question!' she said, laughing. 'If you're putting in chronological order everything that ever made you laugh, or made you cry, or made you feel angry -- and if you are truly leaving nothing out -- then of course you're depressed! . . .'

" 'But how will I know when I'm finished? It just goes on and on,' " he says to her.

I hope I'm wrong to read this as the cry for help that it appears to be. It does go on and on, and someone, somewhere in the production line at Garp Enterprises, Ltd., should have advised John Irving not to rush to print until he'd crafted pain into art, as he's done so masterfully before. ·

Marianne Wiggins's latest novel, "Evidence of Things Unseen," was nominated for a Pulitzer Prize. Her new book, "The Shadow Catcher," will be published next year."


Letters

Chief Executive Officer



The Children's Rights Council

Editor's Note


"John Irving, author of Until I Find You , has called our attention to his previous associations with Book World's reviewer of that book, Marianne Wiggins (July 10). That contact, which we have now corroborated, should have disqualified her as a reviewer; our signed agreements with reviewers spell out our conflict-of-interest rules carefully ("if you have had any contact, friendly or otherwise, with the author of this book . . . or if there is any possibility of an appearance of a conflict of interest in the assignment of this review to you, please let Book World know immediately"). Had we known that Irving had dedicated one of his earlier novels to Marianne Wiggins's ex-husband, Salman Rushdie, and had we known that Irving and Wiggins had socialized with each other in the past, we would not have made the assignment. We apologize to our readers for this misstep."